As regras de etiqueta são necessárias para a optimização da interacção social. Elas servem como o ponto de equilíbrio entre as liberdades, culturas e vivências das pessoas, de modo a encontrar, durante um determinado momento de socialização, a ‘regra comum aceitável’ para maioria.
Mas, convenhamos, a etiqueta tem uma forte componente cultural e temporal. Por exemplo, no Japão, é muito deselegante, agradecer sem fazer a vénia. E em Angola, isso não faz o mínimo sentido.
Entretanto, existem vertentes das regras de etiqueta, que são aceitáveis em todo o mundo, independentemente da cultural, sobretudo as que estão ligadas à actividade laboral. E, entre estas, existe uma regra de ouro: a pontualidade.
“A pontualidade é a boa-educação dos reis”.
Temos falado muito sobre o desenvolvimento do nosso país, sobre necessidade de novas práticas de gestão, sobre o dar a oportunidade aos quadros angolanos etc. Isso é bom e louvável. Mas temos de admitir que em termos de pontualidade, numa escala de 0 à 10, em Angola estaríamos entre 2 ou 3 (para não dizer mesmo 0). Voos comerciais, aulas, palestras, discursos, inaugurações, festas, cultos e até mesmo funerais! No nosso país, quase nada começa a horas!
E esse aspecto verifica-se, sobretudo, no trabalho: Dizer que o horário de início do trabalho é 08h00, significa dizer: “enquanto forem 08h00” (o que é totalmente diferente). E quando a pessoa chega às 08h40, defende-se dizendo que “ainda está dentro das 08h00”. Esta é uma nuance cultural, importante e perigosa.
Alguém próximo, uma vez disse-me o seguinte: “Os chineses não têm família”. Perante o meu desacordo por essa afirmação pejorativa, ele apressou-se em explicar-me que decidira fazer obras em sua casa e, por uma questão de patriotismo, contratou uma equipa completamente composta por angolanos. Durante 4 meses de trabalho, houve perto de 20 interrupções, com 12 óbitos e quase 8 situações de doenças. Farto disto, o homem decidiu contratar chineses. Em 6 meses de trabalho, não faltaram, não atrasaram, não adoeceram... e também não morreu ninguém nas suas famílias! Daí a tal afirmação!
A pontualidade (ou falta dela), diz muito sobre quem – realmente – somos, ao nível profissional:
Seriedade; respeito e consideração pelos outros; empenho; preocupação com a imagem- própria; boa reputação; consideração pela Organização etc. Resumindo, O comportamento face à pontualidade representa aquilo que a pessoa é, como profissional, como encara as suas responsabilidades, como gere e o seu tempo, qual o seu posicionamento face aos compromissos e do seu papel face aos resultados da organização e, sobretudo, como se posiciona face aos restantes colegas de trabalho.
Logicamente num país como o nosso, é mais fácil não ser pontual do que o inverso: falta de transporte, alagamento das ruas quando chove, falta de segurança, distância do local de trabalho, deveras, falta muita coisa... e falta também a cultura da pontualidade!
Poderíamos de forma legítima, encontrar razões válidas isso, mas seriam apenas desculpas.
O que podemos fazer, é mudarmos essa ‘cultura’, porque no final do dia, ela faz a diferença nos nossos resultados.
Quer aprender a ser pontual?Tenha força de vontade
Aprenda a planear o dia seguinte
Durma mais cedo
Acorde mais cedo
Saia de casa mais cedo – e tenha em conta possíveis imprevistos no trajecto
Ganhe a cultura de chegar sempre mais cedo no local de trabalho (entre 20 a 30 minutos antes)
Não exagere no álcool durante a noite
Tenha uma vida saudável (pratique exercícios e tenha uma boa alimentação)
Valorize o seu trabalho, lembre-se sempre que muitos gostariam de estar no seu lugar...